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Classe C impulsiona consórcios no Bradesco

Redução da taxa de desemprego, inexistência de juros, a possibilidade de utilização do FGTS no consórcio de imóveis, a maior presença das classes C e D e o planejamento do consumidor são as justificativas dadas pelo diretor da Bradesco Consórcios, Fernando Antônio Tenório, para explicar o crescimento de 20% do número de clientes da sua carteira de consórcios, com faturamento 24% maior que o de 2009: R$ 4 bilhões no primeiro semestre de 2010.

O diretor conta que a diferença fundamental entre consórcio e financiamento está no planejamento. “Se o cliente quiser comprar o bem de forma imediata, o faz por financiamento. Mas, se já possui um bem e quer trocá-lo daqui a algum tempo, o consórcio é muito bom para isto.”
 
Hoje, o Bradesco Consórcios conta com cerca de 4 milhões de pessoas que se planejam. “Número que pode crescer mais ainda por inexistir juros e pela fome de consumo das classes B e C. O consórcio não concorre com financiamentos por serem necessidades distintas.”
 
O apetite da empresa para vender cotas é alto. Por mês, contabiliza Tenório, são 20 mil cotas vendidas apenas para veículos leves, cujo prazo máximo de vencimento é de 72 meses. “Cada grupo de imóveis dura cerca de 144 meses, ou 12 anos; são 430 consorciados para formar um grupo; caminhões 300. Não são grandes volumes de pessoas. Por isto cresce.”
 
A capilaridade e venda nas agências também são fatores que o diretor considera fundamental para mais vendas. “Temos 60 mil pontos de atendimento e 23 mil gerentes. Além de 8 mil corretores da Bradesco Previdência. Isso facilita a venda dos produtos.”
 
O desenho da carteira, de acordo com o executivo, acompanha a evolução do PIB nacional. “O nordeste aponta como um diferencial. O norte também, mas o sudeste detém 55% das vendas.”
 
Tenório explicou que o Bradesco Consórcios já consegue diversificar clientes entre as classes alta, média e baixa. “Cerca de 60% das pessoas da carteira de consumo são da classe C. Se isolarmos a parte de imóveis, o crédito médio fica em R$ 30 mil.”
 
“Parece baixo o valor? Não o é”, afirmou o diretor. Segundo ele, há muitos locais no Brasil, principalmente em cidades de interior dos estados, onde o valor dos imóveis ainda é baixo. “Pode-se somar duas ou três cartas de crédito de R$ 30 mil. O mercado aceita este tipo de garantia.”
 
Ele ressalta que, para atingir a classe A, o consórcio disponibiliza cartas de até R$ 300 mil. “A unificação de cotas é uma grande vantagem, pois o cliente pode comprar três cotas e comprar o bem. A vantagem é ter cotas em andamento.”
 
O executivo também entende que medidas como a aceitação do FGTS para dar lances fomentaram o mercado. “A lei começou a valer em março deste ano. A parte mais tênue é que o casal, ou duas pessoas que estejam juntas no momento da compra, poderão utilizar o Fundo de ambos. É a mesma regra do crédito imobiliário.”
 
De acordo com Tenório, o consórcio já aponta como uma opção viável ao financiamento imobiliário, uma vez que pesquisas do setor apontam a que em 2013 os recursos oriundos da poupança não serão suficientes para alimentar o setor. “O governo terá de se entender com os bancos para viabilizar o setor.”
 
O diretor estima que a relação entre PIB e crédito imobiliário não ultrapasse 3%. “Índice baixo, se comparado ao de outros países. A carteira de imóveis tem R$ 110 bilhões em crédito. Já veículos eleasing somam R$ 170 bilhões. A curva do imobiliário tem muito que crescer”, resume.
 
De acordo com ele, na cidade de São Paulo foi construído um imóvel por dia no primeiro semestre. “Os fundamentos são bons e devem crescer.”
 
Outro número que anima o executivo são os 40 mil automóveis entregues este ano. “Conquistamos a liderança no segmento de veículos leves e pesados. Hoje tem sido muito comum o agronegócio comprar máquinas por intermédio de consórcios.”
 
Na carteira de veículos pesados, a entrega foi de 2,8 mil caminhões. “Vendemos cotas de equipamentos também. Crescemos 24% nesta área.”
 
Em sete anos e meio de existência da empresa de consórcios, segundo Tenório, foi vendido 1,023 milhão de cotas.
 
Setor
 
Dados da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac) mostram que no primeiro semestre o número de novos consorciados chegou a 1,02 milhão, 10,1% mais que em 2009.
 
Segundo a Abac, pela primeira vez, este ano a massa de renda das famílias da classe D vai ultrapassar a da classe B. “Em 2010, as famílias com ganho mensal entre R$ 511 e R$ 1.530 têm para gastar com produtos e serviços R$ 381,2 bilhões, ou 28% da massa total de rendimentos de R$ 1,38 trilhão. Enquanto isso, a classe B vai ter R$ 329,5 bilhões (24%). A classe B tem renda entre R$ 5.101 e R$ 10.200. O maior potencial de compras, no entanto, continua no bolso da classe C: R$ 427,6 bilhões”, aponta a entidade.
 
Nos seis primeiros meses do ano, os dados do sistema de consórcios da entidade registraram crescimento no número de participantes que atingiu 3,88 milhões, 6% maior do que os 3,66 milhões contabilizados há um ano. A associação também aposta no consórcio de imóveis.
 
O Bradesco aposta no crescimento de nichos específicos dentro do banco para conseguir fazer frente à concorrência dos outros gigantes do sistema financeiro sem fazer aquisições. Ontem, o banco anunciou que deve criar uma estrutura dentro de sua área de Vida e Previdência para gerir fundos de pensão fechados para categorias profissionais. Além disso, o Bradesco Consórcios aposta em forte crescimento este ano.
 
Na área de previdência fechada, o banco aposta em um novo tipo de fundo de pensão que já possui 450 entidades e um patrimônio de R$ 800 milhões, com 100 mil participantes, segundo informações da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc). Somente a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que já tem o maior fundo deste tipo no País, possui 700 mil advogados afiliados. “O fundo da Ordem dos Advogados do Brasil está espalhando os planos de previdência em todas as suas regionais”, diz o diretor de Análise Técnica da Previc, Carlos de Paula.
 
A Bradesco MultiPensions, área para fundos de pensão fechados do banco, possui 32 empresas patrocinadoras e subiu de 56 mil participantes em 2009 para 70 mil ao final do primeiro semestre de 2010.
 
Já na área de consórcios, o Bradesco conseguiu este ano um crescimento de 20% do número de clientes e de 24% do faturamento, que chegou a R$ 4 bilhões. Segundo Fernando Tenório, diretor do Bradesco Consórcios, a grande aposta é o segmento de imóveis para o público das classes C e D.

Veículo: DCI 27/08/2010