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Febraban calcula spread menor que BC

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) divulgou estudo para mostrar que o spread bancário é na verdade inferior ao divulgado mensalmente pelo Banco Central. Nas contas da entidade, a margem média é de 22,5 pontos acima do custo de captação, contra 30,6 pontos das estatísticas do BC, em dezembro.

Procurado, o BC respondeu, por meio da assessoria de imprensa que, “implementada há vários anos, a metodologia usada pelo Banco Central para calcular o spread médio das operações de crédito com recursos livres é tecnicamente correta.”
 
A discussão sobre o alto patamar do spread bancário (diferença entre o custo de captação para os bancos e quanto cobram dos clientes) voltou à tona depois que o presidente do BC, Henrique Meirelles, ao ser pressionado para reduzir os juros, disse que os bancos precisariam reduzir também os spreads.
 
A nova metodologia adotada pela Febraban mostra dados menores do que os levantados pela autoridade monetária pelo tamanho da amostra utilizada em cada levantamento. O Banco Central se vale de 45,5% dos empréstimos, os chamados recursos livres dos bancos, deixando de fora, por exemplo, o crédito direcionado do BNDES.
 
Já a federação incluiu essas modalidades e também o crédito rural e o arrendamento mercantil (que tecnicamente não é uma operação de crédito). Dessa forma, a amostra sobe para 73,6% da carteira total – segundo dados do BC, o sistema financeiro fechou o ano passado com saldo de R$ 1,23 bilhão em empréstimos.
 
Pela metodologia da Febraban, o spread para empresas seria de 14 pontos percentuais, inferior aos 18,3 registrados pelo BC. Para pessoas físicas, a diferença é ainda maior, de 35,7 pontos contra 45 do Banco Central.
 
Segundo Rubens Sardenberg, economista da Febraban, a diferença se deve ao fato de que as linhas em que os spreads são menores são justamente as que ficam fora do levantamento do BC.
 
No caso das operações de leasing, a Febraban usou um spread médio de 17,4 pontos, baseado em pesquisa junto aos bancos. No crédito imobiliário, a margem usada foi de seis pontos. Para as linhas de pessoas jurídicas, o spread médio para operações do BNDES foi de quatro pontos e de crédito rural de 8,75 até junho de 2007 e de 6,75 até agora.
 
Por esse método, lembra ainda Sardenberg, a alta dos spreads nos últimos meses do ano por conta da crise internacional se mostra menos acentuada do que pelas estatísticas do BC. Pelos dados da Febraban o avanço foi de 4,4 pontos, enquanto os dados oficiais mostram elevação de 6,6 pontos, em média.
 
Para os próximos meses, Sardenberg afirmou ser difícil prever o movimento dos spreads. Mas considerando que há expectativa de queda dos juros num cenário de incerteza, ele acredita que as taxas de aplicação podem cair de forma mais lenta que os custos de captação.
 
Em entrevista à rádio Jovem Pan, na manhã de ontem, o presidente da Febraban, Fabio Barbosa, afirmou que há uma tendência de redução das taxas de juros para os clientes finais, mas que num cenário de agravamento da inadimplência, é normal, em qualquer sistema financeiro, que o spread suba. Ele ponderou, no entanto, que o spread não é o lucro dos bancos, mas sim a receita bruta a partir do qual se deduz o custo administrativo, os impostos e a inadimplência. Barbosa disse ainda que é preciso trabalhar nas condições para diminuição do spread, como a aprovação do cadastro positivo.
 
(Colaborou Alex Ribeiro)
 
A matéria também foi veiculada pelos jornais: Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Tribuna do Norte, O popular e Diário do Nordeste.

Veículo: Valor Economico