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Previsão furada

O mercado de automóveis vai de vento em popa. Há facilidade de crédito, crescente poder de compra e confiança do consumidor na estabilidade da economia. Mas há sinais de uma redução de crescimento neste início de segundo semestre e o setor imagina como pisar no acelerador para manter o mercado aquecido. Mas os burocratas do governo desenvolvem outro raciocínio. “As vendas crescem? Vamos aumentar os impostos para arrecadarmos ainda mais!”

Dito e feito, as secretarias de fazenda de alguns estados já sugeriram elevar o imposto estadual (ICMS) para inchar ainda mais a fatia que vai para os cofres públicos estaduais. O governo federal também não deixa por menos: aumentou recentemente o IOF das operações de crédito direto e os consumidores correram para o leasing.

“Ah, é?” exclamou a Receita Federal, “vamos então aplicar um imposto específico sobre as operações de leasing”…Ou seja, diz a lógica que o governo arrecadaria mais se reduzisse os impostos, barateando o preço do automóvel e fazendo crescer o volume de unidades vendidas.

Mas a lógica dos tecnocratas governamentais é outra. Querem aumentar ainda mais os impostos do setor. Diga-se de passagem, os mais elevados do mundo. O que poderia estar por trás desse raciocínio, que escapa à nossa compreensão?

Apesar de os especialistas terem afirmado, no fim do ano passado, que o crescimento do mercado de quase 30% em 2007 seria impossível de se repetir em 2008, o primeiro semestre deste ano contrariou as estimativas deles e as vendas cresceram no mesmo ritmo. Talvez os consumidores não tenham lido as previsões dos especialistas…

Então, a idéia do governo só pode ter uma explicação: mais espertos do que nós, pobres mortais, seus técnicos provavelmente tiveram uma extraordinária visão a longo prazo e previram um limite do crescimento do setor. Ou seja, mais dia menos dia, as fábricas não teriam como expandir sua produção e de atender a demanda do mercado.

Bingo! Raciocínio correto: se as vendas não aumentam, o governo só cresce sua arrecadação elevando o imposto por unidade fabricada…

Mas, se foi esse o raciocínio, o que os nossos astutos tecnocratas não consideraram (em sua conta de chegar…) é que os poderosos fabricantes de automóveis já se programaram para investir mais bilhões de dólares na ampliação de sua capacidade industrial no Brasil.

O mercado de automóveis se estabilizou na Europa e está em queda nos EUA. Mas todas as previsões de crescimento apontam para o bloco BRIC, de países em desenvolvimento. E, para quem não sabe, o B é de Brasil. Além de Rússia, Índia e China.

Aparentemente, nossos burocratas de plantão ignoram as sinalizações positivas do setor e caminham no sentido inverso, buscando receitas para elevar os impostos. Uma receita infalível para frear o desenvolvimento do setor. Além disso, estão se solidarizando com os especialistas que erraram suas estimativas e decidiram colaborar para evitar novas previsões furadas…

Veículo: Correio Braziliense Geral 4/9/08 Estado: DF