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SocGen pretende dobrar ativos de leasing no país

O mercado de leasing para equipamentos industriais e tecnologia no Brasil está “revigorante” diante da situação difícil na Europa. O termo foi usado por Jean Marc Mignerey, presidente mundial da SG Equipment Finance, do grupo francês Société Générale, em entrevista exclusiva ao Valor na sede do banco, na avenida Paulista, em São Paulo.

Ele esteve no país para ver o andamento dos negócios da subsidiária, aberta em setembro de 2008, e conhecer o seu time de quase 20 pessoas liderado por Mohcine Busta. Gostou do que viu. Os planos oficiais anunciados são de ampliar o total de ativos dos R$ 100 milhões atuais para R$ 200 milhões até o final de 2010.
 
Mas, em conversa informal após a entrevista, Busta revelou que Mignerey ficou impressionado com as perspectivas de crescimento do país de mais de 6% neste ano em comparação com a crise européia. E considerou os planos iniciais modestos demais.
 
Desde que começou suas atividades no Brasil, a SG financia a venda de máquinas para a indústria e equipamentos de alta tecnologia. Agora, pretende atuar também com helicópteros e jatos. “Somos agentes da Embraer na Europa, mas no Brasil ainda não atuamos com aeronaves”, revela Mignerey.
 
Outra área na qual a SG avalia entrar é a de financiamentos de tratores e de máquinas para o setor agrícola. “Não queremos atuar no setor de leasing para automóveis no Brasil, pois não teríamos como concorrer com os grandes bancos de varejo”, diz.
 
Com capital inicial de R$ 50 milhões que ingressou no Brasil no final de 2008, a SG Equipment Finance pode também fazer ativos usando o patrimônio de R$ 1 bilhão do Société Générale no país, conta Busta. “Temos muita sinergia com o banco e trabalhamos em conjunto”, diz.
 
Segundo Mignerey, quem contrata os serviços da SG Equipment Finance é o fabricante de máquinas, equipamentos ou aeronaves. Além de todas as grandes empresas de manufatura e tecnologia da Europa, mercado no qual a SG Equipment Finance é líder, a empresa de leasing tem contatos com empresas do porte da Oracle, da Cisco e da Microsoft, entre outras americanas. Foram essas grandes companhias, ao vender cada vez mais ao Brasil, que estimularam a abertura da subsidiária brasileira da SG.
 
O leasing ou arrendamento mercantil é sempre feito tendo o equipamento como garantia. A SG também faz “vendor”, empréstimos nos quais o vendedor do equipamento recebe à vista do banco e o comprador paga ao banco a prazo, mas o vendedor garante o pagamento.
 
A estrutura permite linhas de prazo de vencimento em até 60 meses e juros atraentes para investimentos. Também permite à SG Equipment Finance financiar vendas feitas a empresas médias e até mesmo pequenas no Brasil. “Já financiamos a compra de muitas máquinas impressoras da alemã Heidelberg por gráficas de porte menor, por exemplo”, diz.
 
Segundo ele, o setor de leasing para equipamentos industriais se move junto com os investimentos produtivos e por isso uma recessão como a da Europa causa forte retração na atividade, traz maior inadimplência e o valor do equipamento tomado como garantia despenca.
 
De acordo com Mignerey, considerando-se as novas concessões na Europa, a queda do leasing com relação aos € 160 bilhões em 2008 foi de 30% no ano passado. Ele lembra que a Alemanha e o Reino Unido tiveram queda de 5% cada no Produto Interno Bruto em 2009. As perspectivas continuam negativas em 2010 para alguns países, como a Espanha, que terão recessão ainda neste ano.
 
Enquanto isso, o Brasil se mostra “resiliente” na crise, com o Produto Interno Bruto caindo apenas 0,2% no ano passado. “O potencial de aumento no investimento é impressionante, ainda mais com a Copa e a Olimpíada.”
 
O setor de leasing no país conseguiu manter o saldo da carteira em 2009 com um ligeiro aumento, de 3,4%, para R$ 110,3 bilhões em dezembro, segundo a Abel (Associação Brasileira das Empresas de Leasing). As novas concessões, no entanto, caíram 42%, para R$ 46,1 bilhões, principalmente por causa do leasing para automóveis (87% do total em dezembro), que perdeu espaço para o crédito direto ao consumidor. A Abel vê crescimento de 25% do setor em 2010.
 
A SG está presente em 25 países e emprega mais de 2.800 pessoas. Tem ativos de € 23 bilhões.

Veículo: Valor 26/04/2010