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Société quer crescer no Brasil sem capital extra

François Dossa, presidente do SocGen no país, diz que ideia é crescer nos serviços de assessorias em fusões e mercado de capitais para ampliar receita

O presidente do Société Générale (SG) Brasil, François Dossa, viajará a Paris na primeira quinzena de janeiro para apresentar à matriz do banco um plano de crescimento, que projeta expansão de 20% das receitas da instituição com as operações brasileiras em 2012 em comparação a 2011. Para chegar lá, no entanto, Dossa vai depender, exclusivamente, de operações que não consumam capital do banco, que na Europa enfrenta as mesmas limitações que seus pares, diante da crise e das novas exigências de capitalização bancária pelas autoridades.

A carteira de crédito do banco no país poderá ser vendida a outras instituições a fim de que mais operações possam ser feitas, contou o executivo. “Queremos ter uma atuação mais ativa sobre a nossa carteira”, afirma o executivo. O volume de recursos para financiamento do SG Brasil deverá ficar estável entre este e o próximo ano, diz Dossa.

A estratégia, portanto, é obter mais receitas por meio de operações que não comprometam o capital do SG, entre as quais, o “fee business”, prestação de serviços de consultorias em fusões e aquisições e mercado de capitais, que rende comissões aos bancos. Para crescer em comissões, entretanto, o SG dependerá de um ambiente de negócios mais favorável e terá de enfrentar os grandes bancos de investimento nacionais e estrangeiros.

Os objetivos da filial brasileira do Société, que representa 5% do grupo SG, estão em linha com as recentes ações do banco pelo mundo, que, por dificuldades ocasionadas pela crise mundial, teve de se adaptar a uma nova realidade, baseada em redução de custos e em centenas de demissões nos Estados Unidos, na Ásia e na Europa.

Com a diferença que no Brasil, entretanto, não houve dispensa e os cerca de 2.350 funcionários foram mantidos. No ano que vem, a equipe de funcionários do SG Brasil no segmento de financiamento e investimento, hoje composta por 140 pessoas, deve aumentar de 10% a 15%.

Mas a crise forçou a mudança de hábitos na instituição brasileira. “Tivemos de reduzir nossas viagens e presença em seminários para economizar”, afirma Dossa.

Entre as medidas adotadas lá fora, o Société Générale reduziu nos últimos 12 meses sua exposição aos títulos soberanos de Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha de € 6,6 bilhões para € 3,42 bilhões, valor semelhante ao que o banco espera obter de lucro neste ano, algo em torno de € 3 bilhões. Ano passado, o lucro foi de € 3,92 bilhões. Dossa lembra que os papéis foram vendidos no mercado secundário de títulos, sem auxílio governamental.

Atualmente, o banco possui € 1,57 bilhão em papéis da dívida italiana, a maior exposição do SG aos títulos dos países mais afetados pela crise na Europa; € 680 milhões em títulos espanhóis; € 660 milhões investidos na dívida grega; € 300 milhões em papéis irlandeses; e € 210 milhões em títulos portugueses.

“Reduzimos nossa exposição a esses países não porque achávamos que os papéis não eram bons, mas por uma visão do mercado financeiro em relação a nós”, diz Dossa, completando que o SG também se desalavancou em dólar, reduzindo posições no mercado de capitais e repassando carteira de crédito na moeda americana. Dossa conta que em 12 meses a instituição diminuiu sua exposição em dólares em US$ 50 bilhões e espera reduzir a mesma quantia até 2013.

“Com isso, vamos passar tranquilamente, espero eu, pela crise para podermos voltar a crescer”, afirma o presidente do Société Générale Brasil, para quem os bancos de primeira linha da Europa estão sólidos.

Veículo: Valor – 12/12/2011